30 de março de 2006

amor

O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.

Então, pesquisei: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.

Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.

O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.

Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.

Absurdo.
Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
Adolescente ama de um jeito. Adulto ama melhormente de outro. Quando vier a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos quarenta e outro dos cinquenta? Coisa de demente.

Não é só a estória e as estórias do amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
Estando sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.

O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optamos por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, sou um repetente conformado.
E na escola do amor declaro-me eternamente matriculado


abraços

dr x

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